NA TRINCHEIRA
Para muitos, o temperamento não
favorece bastante o trabalho continuo e sem descanso. Falo dos que se inflamam
facilmente, como fogo de palha, e que não sabem ficar tranquilamente sentados
junto a um trabalho metódico e perseverante. Durante a primeira guerra mundial,
os homens dessa índole partiam para o ataque com heroísmo invencível, sem a
menor preocupação de perder a vida; mas ficar inativos durante semanas inteiras
no fundo duma trincheira, absolutamente não era do gosto deles. E, entretanto,
afinal de contas, foi o método das trincheiras que nos assegurou a vitória.
Assim também, na vida, não são nem os rasgos heroicos nem os entusiasmos
súbitos que nos fazem alcançar o êxito, e sim o trabalho perseverante e
continuo, durante anos e dezenas de anos. Esse trabalho pode parecer-te árduo á
primeira vista, mas é necessário que nele te mantenhas, custe o que custar. Foi
essa paciência inabalável que levantou as pirâmides do Egito, a custa de
incrível trabalho e perseverante; foi ela que fez com que os monges da idade
media escrevessem e recopiassem as obras dos gregos e latinos, ao pálido clarão
das suas lamparinas durante toda sua vida; foi ela ainda que, após experiências
infrutuosas de vários séculos, acabou por descobris as leis das forças da
natureza e as pôs ao serviço da humanidade, umas após outras. O saber, a
instrução, a ciência, a tecnologia, o progresso, são frutos da paciência.
Um grande compositor dizia com
razão: o segredo da arte consiste em concentrar todas forças no que resolvemos fazer. Fazemos
melhor não começando absolutamente nada, do que saltando dum projeto ou
trabalho, para outro projeto ou outro trabalho sem perseverança.
Para um moço, é grande
infelicidade ser ele incapaz de trabalhar metódica e incansavelmente; porque e
fogo moderado mas continuo, que está na base de todo progresso, e não o
entusiasmo que dura como fogo de palha.
Com que energia o estudante
preguiçoso se entrega aos estudos, antes de um exame! Que vale, este impulso de
alguns dias, depois de dez meses de dez meses de preguiça.
Fazias bem meu filho se seguisses
o conselho dos cavaleiros polacos do sec. 17: vicisti¿ Vince! – Vencestes¿
muito bem! Alegra-te com isso! Mas não te orgulhes exageradamente! Continua a
lutar e vencer!
(Mons. Tihamer Toth)