Vocação

DEUS CHAMA?




Queridos amigos em Cristo,


Algumas mães me perguntam se pode uma criança de tão pouca idade saber o que quer. Muitas vezes, as crianças vem a mim pedindo para entrar no Seminário Menor e eu pergunto para elas porque me pedem tal coisas: “Quero entrar no seminário para ser sacerdote” respondem algumas, “para ser santo”, dizem outras. Certamente que estas respostas têm algo de especialmente divino mais que de humano, ou de infantil. Pode o demônio inspirar as crianças a salvar almas ainda que de modo vago, ou obscuro? Certamente que não. Santo Tomás de Aquino, falando sobre o tema, escrevia: “a idade corporal não prejudica a alma, e por isso também na idade infantil um a pessoa pode alcançar a maturidade da vida espiritual do qual faz referencia o livro da sabedoria 4,3 - a honorabilidade da velhice não se considera pelo numero dos anos”. E “não são poucas as crianças que superaram os adultos no espírito de sacrifício e na intimidade com Deus: São Tarcísio,  Santa Inés, São Domingo Del Valle, Santa Imelda, São Domingo Sávio, Santa Maria Goretti”, entre outros.  E ainda mais em nossos tempos onde urge a necessidade de salvar almas Deus continua chamando seus discípulos desde cedo. O Seminário Menor São Tarcísio existe desde 1995 em São Paulo e quer ajudar esses jovens no discernimento de seu chamado a Deus. Acolhendo a criança que demonstra ter as sementes da vida consagrada trabalha na formação para que possa discernir, amadurecer e proteger o tesouro que leva em seus corações.

Rezamos Deus para que este ano o Espirito Santo suscite sempre novas e santas vocações, que as famílias sejam berços de novos evangelizadores e para que os jovens não sejam surdos ao chamado de Cristo. Amém.

 


VOCAÇÃO




Tipos de Vocação
Dentro do plano divino que conduz todas as coisas e especialmente ao homem de modo livre para o seu fim, há distintos chamados de Deus. Três são os principais, ou seja:

- O chamado ao ser, à existência. É-nos comum como tudo o que existe: pássaros, astros, flores, peixes, estrelas, etc. Este chamado é a passagem do não-ser ao ser.

- O chamado à santidade, à vida eterna. É-nos comum com todos os homens, porque Deus... quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tim 2,4). Este chamado é a passagem do pecado à graça.

- O chamado a um estado de vida, pelo qual a uns chama ao matrimônio e a outros à vida consagrada. Este chamado é o passo a uma vida de perfeição.

Os chamados à vida consagrada

Cinco são até agora, as distintas vocações à vida consagrada, ou seja:

vocação ao sacerdócio,

vocação ao diaconato permanente,

vocação religiosa,

vocação missionária e

vocação a secularidade consagrada).

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DEUS CHAMA?

Que Deus chama os homens a determinada vocação se sabe por inumeráveis testemunhos da Sagrada Escritura, como por exemplo, a vocação do Povo de Deus, a de Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Jeremias, Isaías, Oséias, etc., e no Novo Testamento são exemplo disto as vocações de Jesus, dos primeiros discípulos, Levi, Mateus, dos doze Apóstolos, o jovem rico, São Paulo, a Virgem Maria, etc.

Cristo nos diz: "Não sois vós os que me escolhestes, senão eu que vos escolhi" (Jo 15,16)

"Os que sentem no seu coração o desejo de abraçar este estado de perfeição e de santidade, podem acreditar, sem dúvida alguma, que este desejo vem do céu, porque é muito generoso e está muito por em cima dos sentimentos da natureza", dizia São João Bosco se referindo à vida consagrada.

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COMO DEUS CHAMA?

O chamado de Deus ordinariamente é interior. É Deus quem interiormente inspira nas almas o desejo de abraçar um estado tão alto e excelso como a vida consagrada. Podemos reconhecer nisto dois passos.

1º - Deus nos faz conhecer o bem presente no estado religioso

Há quem diz que para que haja autêntica vocação é necessário ser chamados diretamente pela voz do Senhor de modo extraordinário como quando chamou a Pedro ou André, neste caso não se deve demorar e ingressar imediatamente. Mas quando o homem é chamado só interiormente, então é necessária uma longa deliberação e o conselho de muitos para conhecer se o chamado procede realmente de uma inspiração divina (até aqui dita opinião).

A estas pessoas dizemos com Santo Tomás: "Réplica cheia de enganos". O desejo interior e desinteressado de abraçar o estado religioso é autêntico chamado divino, por ser um desejo que supera a natureza, e deve ser seguido imediatamente; hoje como ontem são válidas as palavras de Jesus na Escritura: "se queres ser perfeito vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres" (MT 19,21). Este conselho era dirigido por Cristo a todos os homens de qualquer tempo e lugar: "quem tiver deixado casa ou irmãos... Por causa de meu nome, receberá cem vezes mais e possuirá a vida eterna". E assim todos, ainda hoje, devem receber este conselho como se o ouvissem dos mesmos lábios do Senhor. E quem por este se determinar, pode pensar licitamente que recebeu a autêntica vocação religiosa. "Tendo ouvido -diz a este propósito São Jerônimo- a sentença do Salvador: se queres ser perfeito, vende tudo o que tem e dá aos pobres e logo vem e me siga: traduz em obras estas palavras e seguindo nu a Cruz nu subirá com mais prontidão a escala de Jacó".

Este conselho que Cristo deu, é um conselho divino para todos. O que vos digo a todos digo (cfr. Mc 13,37) disse à multidão, porque todas as coisas foram escritas, para nosso ensinamento (cfr. Rom 15,4). É um engano pensar que estas coisas só tiveram valor na sua época. "Se todas estas coisas se pregaram só para os contemporâneos, nunca tivessem sido escritas. Por isso foram pregadas para eles e escritas para nós".


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FALSOS ARGUMENTOS CONTRA A VOCAÇÃO

Podemos dizer que, em geral, as dificuldades provêm de três setores: 1º- Dos homens mundanos, 2º- dos familiares carnais e, 3º- do próprio candidato. Embora muitas vezes as dificuldades se intercambiam.

Artigo 1: Dos homens mundanos em geral

A Demora em decidir a vocação

A maior tentação contra a vocação é pedir conselho a muitos e deixar passar muito tempo, ou seja, a tentação da demora. Muitos aconselham deixar passar um tempo para tomar a decisão da vocação, como se o mero fato de postergar e demorar do tempo fosse solucionar o problema: "Se os problemas se solucionassem com apenas deixar passar o tempo, não seriam necessários os governante”. Afirma São João Bosco que "quem encontra desculpa uma vez para demorar em decidir a vocação, com certeza nunca a concretizará porque sempre encontrará novas desculpas”.

São muitos os que querem defender este tremendo engano se desculpando falsamente com textos da Sagrada Escritura:

- Alguns argumentam com a frase de São João que diz não acreditem em todo espírito mas examinem os espíritos se forem de Deus (I Jo 4,1), querendo mostrar que convém diferir a reflexão até o infinito, pretendendo ter uma certeza metafísica da vocação.

Deve-se examinar sempre e tudo o que for preciso, mas em matérias duvidáveis as coisas certas não necessitam discussão: "quem pede o ingresso à vida consagrada não pode duvidar de que sua vocação venha de Deus, de quem é próprio conduzir o homem por caminhos retos (Sal 142,10)". Por isso é triste ver que alguns se apóiem em uma longa demora para não fazer o que reconhecem ser inspiração divina.

Dizem ainda que: “Satanás se disfarça de anjo de luz” (II Cor 11,14) e assim engana aos incautos com aparência de bem; por isso é mister demorar longo tempo.

É verdade que muitas vezes Satanás sugere "bens" com intenção de enganar, no entanto deve-se saber que o demônio somente pode enganar aos sentidos corporais, já que no centro da alma somente Deus penetra. O desejo autêntico e interior de consagrar-se a Deus provém do Céu.



Artigo 2: Dos familiares carnais

Muitos danos costumam causar, nas almas que desejam entrar em religião, o deixar-se levar pelas tentações carnais dos próprios familiares, que geralmente, obedecem mais à sensibilidade própria e à dor que leva o apartar-se do filho ou da filha que quer consagrar-se, que a vontade de Deus para com eles.

Colocamos a continuação alguns exemplos:

São sobre tudo os pais os que primeiro começam a lamentar-se dizendo "me deixará sozinha, ou sozinho"; "não pode me deixar assim"; tentando influir na conduta de seus filhos. Argumento que geralmente não aplicariam se esse mesmo filho se casasse ou fosse morar longe. Tais pais de modo egoísta, possivelmente às vezes sem saber, no fundo não desejam o bem e a perfeição dos seus filhos, pois não deixam que imitem aos verdadeiros seguidores de Nosso Senhor que deixando tudo o seguiram (cfr. Lc 5,11). Foi o mesmo Cristo quem aconselhou um jovem que queria dar sepultura a seus pais dizendo: “deixa que os mortos enterrem seus mortos, tu vem e me segue” (MT 8,22). “Alguns pais -dizia Dom Bosco- preferem ver seus filhos condenar-se a seu lado antes que salvar-se longe deles". Por isso exclama São Bernardo: "Ó pai sem compaixão!, Ó Mãe cruel!, cujo consolo é a morte do filho; que preferem vê-los perecer com eles antes que reinar sem eles".

Devem-se descartar as consultas aos parentes. A isto se refere São Jerônimo quando enumera os impedimentos que costumam colocar "agora -diz o santo- sua irmã viúva, abraça-te meigamente; seus empregados, com os quais cresceste, te dizem: A quem temos que servir se você nos deixa? ... seu pai... suplicam-lhe: espera que morramos e nos sepulte".

É um engano duvidar de entrar em religião por não contrariar os desejos dos familiares. São Jerônimo em sua carta ao Eliodoro chega a dizer: "Embora seu pequeno filho se pendure do teu pescoço, embora sua mãe com os cabelos despentiados e rasgando os vestidos te mostre os peitos que te amamentaram; por mais que teu pai se atire no batente da porta, passa por cima dele e voa sem uma lágrima nos olhos... é o inimigo que empunha sua espada para me matar".



Artigo 3: Do próprio candidato

"Não sou digno de ser sacerdote".

Diante dos mistérios excelsos que celebram os sacerdotes ninguém é digno de ser um sacerdote. Em rigor, ninguém pode considerar-se digno para fazer-se credor do direito de celebrá-los. A vocação é uma graça especialísima de Deus, e portanto gratuita; se Ele dá, dá também as disposições suficientes para poder exercer dignamente o ofício sacerdotal. Contudo, cada dia o sacerdote, o bispo e a Papa diz ao mostrar a Hóstia consagrada antes da Comunhão "Senhor, eu não sou digno". Se por não ser digno se deixasse a vocação, não haveria um só sacerdote sobre a terra.

"Não tenho qualidades, nem simpatia, nem convencimento, não sirvo para fazer apostolado".

Não são precisamente essas as qualidades que se necessitam para ter vocação. Basta com o chamado de Deus. Nem mesmo Moisés tinha qualidades para falar com os judeus e entretanto levou adiante a obra da liberação do Israel de modo admirável. O bom religioso põe sua confiança em Deus, não em suas forças; se assim o fizer, fracassa. “Quem confia no Senhor é como o monte Sião: não treme, está situado para sempre” (Sal 125,1); quem confiou no Senhor e foi defraudado? )(Eclo 2,10).

"fui muito pecador", "Deus não pode pôr os olhos em mim".

Tremendo engano. Deus chama como quer, quando quer, onde quer e a quem quer; todo o imenso mar de nossos pecados são nada ante uma ínfima gota da misericórdia de Deus. Que penoso tivesse sido que Santo Agostinho obrasse e se deixasse levar por estes pensamentos; entretanto, ele que foi um grande pecador chegou a ser Doutor da Igreja e um dos maiores teólogos de todos os tempos. Ante esta realidade deve-se responder com o ditado popular: "passado, pisado", e não por isso deixar de fazer o que Deus peça. Assim agiu Santa María Madalena, e hoje é uma das estrelas mais brilhantes do Reino dos Céus, e assim atuaram tantos Santos que agiram pensando mais na misericórdia de Deus que na miséria de seus pecados.

"Tenho noiva e a quero muito"

Também as tiveram alguns Santos sacerdotes antes de entrar no Seminário, mas e se Deus me chama para algo muito maior? Se eu a quero muito, justamente por isso devo explicar-lhe qual é minha verdadeira vocação; pior seria arruinar-lhe a vida, e possivelmente a salvação, pelo simples gosto de ser marido dela e pai de seus filhos, quando Deus me tem destinado para outro estado, e me destinou dar graças que não me dará necessariamente para o matrimônio dado o caso que me chame para a vida consagrada e vice-versa.

"Imagino-me casado, não me vejo como sacerdote".

O diabo está acostumado a pôr falsos sonhos, imaginações, fantasias que são simples produto de nossa sensibilidade. O julgamento da vocação de minha vida deve ser racional, e não guiado por ilusões, ou probabilidades que jamais acontecerão na realidade. A vocação não é questão da imaginação.

"Que vergonha se eu sair".

Maior vergonha seria apresentar-se no dia do julgamento sem ter feito diante de Deus o que ele queria de mim. Não há nenhuma vergonha em sair de um noviciado; ao contrário, em caso de que haja motivos autênticos para sair, essa alma é digna de louvor por sua integridade, porque só se deixa levar por motivos sobrenaturais; é um homem de princípios, que faz de sua vida um canto à vontade de Deus. Vergonha seria ver alguém sair de um prostíbulo.

Conclusão

Em definitiva, são todas falsas desculpas, falácias, "sutilezas", veleidades, sensibilidades, com as que o demônio arruína muitas vezes os jovens -e a não tão jovens- para que se afastem do chamado de Deus. São estes os numerosos esforços do inimigo, o que também devem nos fazer pensar o imenso valor que tem uma vocação à vida consagrada, e quantos são os esforços que o diabo faz para afastá-la de Deus.


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COMO PERSEVERAR NA VOCAÇÃO?

A vocação ao estado religioso pode considerar-se como a pérola preciosa do Evangelho que devemos guardar com grande zelo e com a maior diligência. Santo Afonso punha três meios para não perdê-la, e são estes: segredo, oração e recolhimento.

"Acima de tudo, falando em geral, é necessário que a vocação se conserve secreta a todos, exceto ao diretor espiritual, porque os outros, ordinariamente, não sentem escrúpulo em dizer aos jovens chamados ao estado religioso que em todas partes, e ainda no mundo, pode-se servir a Deus ".

"Deve-se ter presente que as vocações se conservam só com a oração. Que deixa a oração deixará certamente a vocação; é necessário orar, e orar muito; por isso, além de fazer meia hora de oração pela manhã e pela tarde, faça-se todos os dias a visita ao Santíssimo Sacramento e a María Santíssima, para obter a perseverança na vocação, e não deixe o religioso de comungar. Medite freqüentemente sobre a vocação, considerando quão grande é o favor que Deus lhe fez, chamando-o para si. Auanto mais fiel se conserve em segui-la, quanto mais segura terá sua salvação eterna; pelo contrário, quão grande é o perigo de condenar-se a quem se expõe se for infiel!

"Em terceiro lugar é indispensável o recolhimento, e este não se poderá alcançar sem o afastamento das conversações do mundo. O que se requer no mundo para perder a vocação? Nada; bastará um dia de recreio, uma paixão pouco mortificada, uma afeição, um pensamento de temor, um desgosto não reprimido. Que não abandona estes passatempos deve estar convencido de que indubitavelmente perderá a vocação. Ficará com o remorso de não havê-la seguido, mas certamente não a seguirá". Até aqui São Alfonso, doutor da Igreja.

A perseverança na vocação é uma graça que devemos saber pedir e cuidar diariamente; e jamais abandonar quão médios estejam a nosso alcance para preservar este tesouro dos inimigos da alma.

( Fonte: Diretório de Vocações do IVE)

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MARIA: Mãe das Vocações Sacerdotais e Religiosas

Assim como Maria é a Mãe de Cristo e de todos os homens, é a Mãe de todas as vocações de especial consagração: sacerdotal, , diaconal missionária, religiosa e a secularidade consagrada.
Referindo-se apenas ao primeiro, em seu ventre gerou o Sumo e Eterno Sacerdote, ali teve lugar a primeira ordenação sacerdotal do Novo Testamento, e com Ele, Jesus Cristo, cabeça do sacerdócio do Novo Testamento, todos envolvendo o mesmo sacerdócio.
Seu Filho único, o acompanhava, alimentou-o, cuidou dele, o guiou, treinou-o, levantou-o, o amou, acompanhou-o ...

Então, conosco:
- Nos acompanhou ao longo de nossas vidas, especialmente nos momentos de decisão vocacional, após no seminário, na ordenação ... mais tarde na vida sacerdotal ... Nunca nunca deixando-nos sozinhos.
- Nos alimentou no exemplo de suas virtudes, trazendo-nos a graça, como Medianeira de todas elas.
- Cuidou-nos, não permitindo que o inimigo da natureza humana triunfasse sobre nós ...
- Sempre nos guiou pela inspiração: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2:5).
- Nos formou, de maneira semelhante, como fez com Jesus, porque somos seus filhos, e uma mãe sempre forma, educa os seus filhos: "Mulher, eis o teu filho" (Jo 19:26).
- Nos Amou com um amor especial que experimentamos muitas vezes em nossa vida.

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